domingo, 10 de maio de 2015

Treinamento de sprints repetidos no futsal - continuação

Para dar continuação a postagem anterior sobre o artigo que foi publicado demonstrando o efeito do treinamento de RSA no futsal resolvi trazer nessa postagem uma introdução teórica sobre o assunto.
Quem tiver interesse em discutir ou ler material que aprofunde sobre a temática deixe seu comentário!

O futsal se distingue por uma sucessão de movimentos de máxima velocidade em espaços reduzidos (5 a 10 m) o que faz com que as ações de jogo tenham que ser executadas da forma rápida, para que as estratégias estabelecidas pelas equipes se convertam em elementos fundamentais do rendimento global da equipe (MEDINA et al., 2002).
Segundo Bompa (2002), o treinamento físico no futsal deve ser baseado na realização de exercícios físicos específicos da modalidade, visto que os mesmos resultarão em modificações anatômicas e fisiológicas que se relacionam as necessidades da mesma.
Estudos recentes verificaram que o treinamento de sprints de curta duração (5 a 30 s), além de produzir melhoras na habilidade de repetir séries de exercício em intensidades relativas ao sistema anaeróbio, proporciona o desenvolvimento do metabolismo aeróbio (DAWSON et al., 1998; MACDOUGALL et al., 1998; ORTENBLAD et al., 2000; BURGOMASTER et al., 2005). Diversas pesquisas que analisaram a aplicação do treinamento na RSA com alto volume de sprints, observaram que houve o aprimoramento tanto da capacidade quanto da potência aeróbia (LINOSSIER et al. 1997; DAWSON et al., 1998; MACDOUGALL et al., 1998; RODAS et al., 2000).
Segundo Ortiz et al. (2003), a inclusão de uma a duas sessões de treinamento intervalado de alta intensidade durante períodos de quatro semanas são eficientes para melhora de índices fisiológicos relativos à performance aeróbia (VO2max, vVO2max e EC). Corroborando estes achados, Impellizzeri et al. (2006) demonstraram que, após o mesmo período de treinamento intervalado de corrida realizado antes do início da temporada competitiva com jogadores de futebol, os valores de VO2max e OBLA aumentaram em 7 %. Helgerud et al. (2001), também observaram que a utilização de um treinamento intervalado de alta intensidade (90 a 95% da FCmax) duas vezes na semana proporcionou melhoras na capacidade aeróbia de atletas de futebol no final de 16 sessões.
 Bravo et al. (2008) ao realizarem um treinamento de RSA (3 séries de seis sprints de 40 m com 20 s de recuperação entre eles e 4 min entre as séries) em jogadores de futebol, verificaram que após sete semanas houve melhora na capacidade e potência aeróbia, na resistência específica do futebol mensurada no teste Yo-Yo Intermittent Recovery Test (KRUSTRUP et al., 2003) e na habilidade de realizar sprints repetidos no teste RSA.
O baixo volume de treinamento requerido na RSA, proposto por Bravo et al. (2008), providencia uma estratégia de tempo eficiente para induzir adaptações aeróbias, visto que o desenvolvimento na resistência específica do futebol, possivelmente, foram provocadas pelas melhoras específicas na habilidade de mudança de sentido dos atletas (YOUNG; MCDOWELL; SCARLETT, 2001; LAKOMY; HAYDON, 2004). Além disso, Lakomy e Haydon (2004) sugerem que na RSA a contração muscular requerida para aceleração e desaceleração da massa corporal pode ser benéfica para melhoras na potência muscular e para habilidade de mudança de sentido.

De acordo com Bompa (2002) as intensidades, os volumes e o tempo de recuperação propostos na RSA estão de acordo com a metodologia para a prescrição do treinamento da capacidade anaeróbia. Weineck (1994) afirma que é possível realizar uma importante quantidade de trabalho com cargas intensas, obtendo um impacto relativamente baixo sobre o sistema cardiorrespiratório, através da introdução de breves períodos de exercício e repouso adequadamente distribuídos. Dessa forma, o treinamento na RSA parece ser uma estratégia eficiente para desenvolver os índices fisiológicos específicos do futsal.

Fiquem com Deus e até a próxima!