quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A progressão estrutural como metodologia de ensino - Aplicação dos princípios táticos de jogo com a utilização deste método


A progressão estrutural é uma nova tendência de treinamento ainda não muito conhecida, mas que já é utilizada por parte dos treinadores. Basicamente, consiste em progredir os exercícios que iniciam com um número reduzido de elementos e variáveis, aumentando sua complexidade no decorrer da sessão de treino e do planejamento.
Para Souza e Greco (1999) nos jogos esportivos coletivos, a grande complexidade e a variabilidade de situações de jogo podem apresentar-se como um obstáculo de difícil superação para aqueles que não conseguem perceber os elementos nelas presentes, bem como suas inter-relações. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi propor um método como alternativa para essa problemática, e assim discutir sobre novos meios de ensino dos princípios táticos de jogo.
Há alguns autores que abordam sobre a progressão estrutural e existe uma tendência dentro dos que são adeptos da periodização tática a trabalhar com esta metodologia, mesmo de forma indireta. Ainda assim, não está totalmente claro como e de que maneira essa forma de trabalho deve ou será utilizada.
Citam-se alguns autores que nos últimos tempos tratam do assunto, tais como Javier Sampedro em seu livro fútbol sala – las acciones del juego, Jesus Velasco Tejada e Javier Lorente na publicação fútbol: entrenamiento base em fútbol sala; e Antonio Cruz Cárdenes, com o livro Fútbol: análisis Del juego.
A progressão estrutural nada mais é que diminuir os elementos (número de jogadores) e as variáveis (tamanho do campo, regras da atividade, etc) envolvidos na atividade, e ir introduzindo estes conforme a complexidade do jogo vai surgindo como objetivo. Ou seja, planejam-se atividades que começam sem oposição (1x0, 2x0, 3x0, etc) e depois coloca-se oposição em igualdade numérica ou superioridade numérica (1x1, 2x2, 2x1, 3x1, 4x2, etc).
Vale lembrar que o número de elementos envolvidos deve progredir do menor para o maior até o jogo formal (11x11, no caso do futebol). Isso é importante, pois quanto maior o número de elementos, mais difícil será a aprendizagem e assimilação dos princípios de jogo. Dessa forma, como o objetivo do micro ou macro será tais princípios, o inicio das atividades com um número menor de elementos facilitará a aquisição do que foi objetivado.
Assim também deve ser feito quanto às variáveis que interferem na aplicação do jogo, por exemplo, o espaço reduzido juntamente com o menor número de atletas realizando a atividade (ex: 2x2, 10 m quadrados) irá proporcionar um maior contato com a bola para cada individuo, fazendo com que cada um possa ter a oportunidade de aplicar os princípios objetivados mais vezes. Praticantes de esportes coletivos de um modo em geral e, especialmente, iniciantes, costumam ter dificuldades maiores no que diz respeito aos processos perceptivos, tanto no aprendizado da técnica, quanto do próprio jogo (SOUZA; GRECO, 1999).
Ainda, Souza e Greco (1999) abordam a progressão estrutural, a qual chamam de metodologia situacional sugerida para o treinamento tático, a qual facilita a melhoria desses processos. Oliva apud Cárdenes (1999) afirma que o jogador de futebol vivencia, em relação ao espaço, o maior território de interação individual por jogador com respeito aos jogadores de outros esportes coletivos. Assim, Cárdenes (1999) aconselha começar por uma planificação limitada do jogo, buscando reduzir inicialmente as decisões com o fim de favorecer uma chegada mais eficaz e menos aleatória à complexidade final do 11x11.
Esse autor define o que aqui metodologicamente chamamos de progressão estrutural como micro sociedades. Defende que estas são uma terapia corretora, que consiste na planificação e administração de fundamentos teóricos e exercícios progressivos. Ainda, Cárdenes (1999) diz que para ensinar a ter uma alta porcentagem de eficácia na tomada de decisões, o técnico de futebol deve desenvolver as interações que se produzem entre as micro sociedades do grupo que afetam o rendimento no terreno de jogo.
Baquete (2011) ao abordar sobre a utilização dos jogos reduzidos, afirma que esta metodologia nada mais é do que jogos com dimensões menores e com menos jogadores que o jogo formal, similarmente a progressão estrutural. Ainda diz que, nesse processo, todas as atividades têm ligação entre si e o grau de complexidade das mesmas aumentará conforme a evolução do jogar da equipe. Os jogos devem obedecer a uma sequência processual.
Este artigo na íntegra foi publicado no site do Universidade do Futebol (http://www.universidadedofutebol.com.br), para quem tiver interesse em saber mais sobre o assunto e/ou fazer a leitura completa do assunto abordado favor procurar no site citado pelo título do artigo.
Um grande abraço