terça-feira, 11 de agosto de 2009

Conhecimento dos Técnicos de Modalidades Coletivas acerca da relação entre Ciclo Menstrual e Rendimento Esportivo

Por André Justino dos Santos Costa, professor de Educação Física, formado pela Universidade Federal de Santa Catarina.

O treinamento esportivo engloba diversas facetas as quais o técnico precisa estar atento na composição do seu planejamento. No caso do profissional que trabalha com equipes esportivas femininas é importante compreender uma série de aspectos específicos que afetam o desempenho de maneira positiva ou negativa. Um desses aspectos é o ciclo menstrual e suas relações com o desempenho. O presente trabalho teve como objetivo investigar o nível de conhecimento dos técnicos de equipes femininas de modalidades coletivas e individuais acerca da influência do Ciclo Menstrual no desempenho das atletas e as estratégias utilizadas por eles para potencializar ou inibir esses efeitos no treinamento. Fizeram parte do estudo 20 técnicos, escolhidos de forma intencional, de equipes femininas universitárias de esportes coletivos (Futsal, Voleibol, Handebol e Basquetebol), com sede no estado de Santa Catarina e participantes das Olimpíadas Universitárias Catarinenses – Joinville / 2006. Para a realização do estudo foi elaborada uma entrevista estruturada. Os dados foram tratados mediante a estatística descritiva, com a utilização de freqüência simples. O primeiro objetivo específico do estudo foi identificar o conhecimento dos técnicos sobre o Ciclo Menstrual regular, no que pôde ser constatado que a maioria dos entrevistados não conhece e não promove um acompanhamento desta variável no cotidiano dos treinamentos, inclusive não observando os sintomas mais evidentes das variações típicas do ciclo. O segundo objetivo específico foi identificar o conhecimento dos técnicos sobre as modificações em nível orgânico decorrentes do ciclo, e ficou evidente que, em virtude de não acompanharem de maneira sistemática o ciclo menstrual, não há condições de associar quaisquer modificações ao ciclo. Alguns técnicos, no entanto, já notaram alterações em suas atletas. O terceiro objetivo consistia em identificar o conhecimento dos técnicos sobre as alterações orgânicas no desempenho, e nesse quesito, poucas alterações foram notadas, colaborando com a conclusão de parte da literatura, para a qual as alterações orgânicas em geral não são suficientes para alterar o desempenho esportivo. Com relação ao quarto objetivo específico, investigar o conhecimento dos técnicos sobre a influência do treinamento sobre o ciclo menstrual, a maioria dos técnicos admite não ter notado diferenças orgânicas e também metade não tem conhecimento nenhum sobre os distúrbios que podem acometer a saúde reprodutiva da mulher. O último objetivo específico visava a identificação das iniciativas dos técnicos para adequar o treinamento às necessidades das atletas durante as diferentes fases do ciclo menstrual. Neste aspecto a maior parte admite não promover nenhuma alteração nos treinos, e dentre aqueles que efetuam adaptações, a maior parte não planeja e nem exerce muito controle sobre elas.
Esta pesquisa constata que muitos dos técnicos entrevistados não atentam para os aspectos orgânicos de suas atletas e não conhecem o funcionamento do ciclo menstrual, nem as suas conseqüências para a saúde e para o rendimento dessas mulheres. Por fim, as estratégias de treinamento precisam ser mais bem estudadas tendo em vista as necessidades das mulheres durante as diferentes etapas do ciclo menstrual. Sabe-se, contudo, das dificuldades implícitas nesta tarefa em virtude da enorme variação de reações frente ao ciclo, reações essas que são muito individuais.


Palavras-chave: treinamento, esporte feminino, ciclo menstrual