quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Relação entre a VOBLA e o Vo2max em atletas de futsal

Devido às características intermitentes do futsal, os atletas realizam esforços máximos com pequenos períodos de recuperação ativa durante as partidas, exigindo dos jogadores um tempo expressivo de sustentação na potência aeróbia máxima e uma relativa ativação da capacidade anaeróbia [1]. Entretanto, ainda torna-se necessário que os mesmos possuam a capacidade aeróbia aprimorada para conseguir manter o nível desejado de performance [2,3].

O objetivo desse estudo foi verificar se existe relação entre a capacidade aeróbia, por meio da velocidade correspondente ao onset of blood lactate accumulation (VOBLA) e a potência aeróbia máxima (VO2max) em jogadores de futsal sub20. Assim, realizou-se um teste incremental em esteira rolante em 12 atletas (idade = 18,5 ± 0,5 anos; estatura = 173,2 ± 4,0 cm; massa corporal = 67,6 ± 4,9 kg e percentual de gordura = 13,4 ± 3,4 %). Para a determinação do VO2max foi utilizado um protocolo de cargas progressivas realizado em esteira rolante (IMBRAMED, modelo 10.200). A velocidade inicial foi de 9 km.h-1 e 1 % de inclinação com incrementos de 1,2 km.h-1 a cada 3 min até a exaustão voluntária. Entre cada estágio houve um intervalo de 30 s para coleta de sangue do lóbulo da orelha para a dosagem do lactato sanguíneo [4]. O VO2max será mensurado respiração a respiração durante todo o procedimento a partir do gás expirado (COSMED, modelo K4 b2) com os dados reduzidos a médias de 15 s. O VO2max é considerado como o maior valor obtido durante o teste nestes intervalos de 15 s. O VOBLA foi determinado por meio de uma interpolação linear (lactato x intensidade), considerando-se uma concentração fixa de 3,5 mmol.L-1 [5]. Para apresentação dos resultados utilizou-se estatística descritiva (média e desvio padrão). Inicialmente foi realizado o teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade dos dados. Para determinar a correlação entre os índices OBLA e VO2max aplicou-se a correlação linear de Pearson (p≤0,05 para significância).

Os valores médios de VOBLA e VO2max foram de 12,76 ± 0,96 km.h-1 e 62,46 ± 3,86 mL.kg.min-1, respectivamente. Pode-se considerar que a correlacão entre as variáveis fisiológicas foi moderada e positiva (r = 0,59). Por fim, de acordo com os resultados obtidos pode-se considerar que a VOBLA segue a tendência do VO2max, de forma que, os atletas que apresentaram uma melhor capacidade aeróbia parecem ter a potência aeróbia aprimorada. Entretanto, torna-se necessário a realização de novos estudos para a ampliação da base de dados.

Referências:

[1] Soares, B. and Tourinho Filho, H. (2006), Análise da distância e intensidade dos deslocamentos, numa partida de futsal, nas diferentes posições de jogo, Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, 20 (2) 93-101.

[2] Álvarez, J. C. B. and Álvarez, V. B (2003), Relación entre él consumo de oxígeno y la capacidad para realizar ejercicio intermitente de alta intensidad en jugadores de fútbol sala, Revista de entrenamiento, 17 (2), 13-24.

[3] Araújo, T. L., Andrade, D. R., Figueira Júnior, A. J. and Ferreira, M. (1996), Demanda fisiológica durante o jogo de futebol de salão, através da distância percorrida, Revista da Associação dos Professores de Educação Física de Londrina, 11 (3), 12-20.

[4] Billat, V. L., Morton, R. H., Blondel, N., Berthoin, S., Bocquet, V., Koralsztein, J. P., Barstow, T. J. (2000), Oxygen kinetics and modeling of time to exhaustion whilst running at various velocities at maximal oxygen uptake. European Journal of Applied Physiology, 82, 178-187.


[5] Heck, H., Mader, A., Hess, G., Mucke, S., Muller, R. and Holmann, W. (1985), Justification of the 4mmol/l lactate threshold, International Journal of sports Science, 6, 117-30.

Autores:

P. Nascimento 1,2, F. Arins2, N Dittrich2, L. Guglielmo2, D. Costa1.

1 Faculty of Sport, University of Porto, Portugal.

2 Laboratory of Physical Effort, Federal University of Santa Catarina, Brazil.

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