Paulo
Cesar do Nascimento
Anderson Santiago Teixeira
Kristopher Mendes de
Souza
Luiz Guilherme A Guglielmo
INTRODUÇÃO
O máximo estado estável de
lactato e a velocidade/potência crítica (VC) são as variáveis fisiológicas
consideradas padrão ouro para determinação da capacidade aeróbia (Carter et al.,
2002; Greco et al., 2012). Essas variáveis, segundo alguns autores, demarcam os
domínios fisiológicos pesado e severo (Carter et al., 2002; Greco et al.,
2012). Entretanto, para que as mesmas sejam determinadas é necessária à
realização de vários testes preditivos, demandando, dessa forma, muito esforço
e tempo por parte dos avaliados (Greco et al., 2012).
Nesse contexto, para simplificar a determinação destas
variáveis, alguns métodos têm sido propostos a partir de um único teste
incremental (Dekerle et al., 2003; Lansley et al., 2011). A determinação do
segundo limiar ventilatório (LV2) é um destes métodos (Dekerle et
al., 2003) e pode ser utilizado para identificar o segundo limiar de transição
fisiológica (LTF). Por outro lado, como uma alternativa, alguns estudos têm
investigado as respostas fisiológicas nos domínios pesado e severo a partir de
intensidades determinadas por meio do método delta (Δ) (Lansley et al. 2011). O
método Δ considera o consumo de oxigênio (VO2) no primeiro LTF
(encontrado por meio do limiar de lactato ou do primeiro limiar vetilatório -
LV1) e o consumo máximo de oxigênio (VO2max) (Lansley et
al., 2011). De acordo com a literatura (Lansley et al., 2011), o limite
superior do domínio pesado encontra-se no Δ50, ou seja, na intensidade de
exercício correspondente a 50% da diferença
entre o VO2 no primeiro LTF e o VO2max. Dessa forma, o
objetivo desse estudo foi analisar se existe diferença entre o Δ50 e LV2
em atletas amadores de futsal com diferentes valores de potência aeróbia
máxima.
MATERIAIS
E MÉTODOS
Participaram deste
estudo 18 atletas amadores de futsal (idade 20,6±5,8 anos; estatura 177,6±6,2
cm; massa 73,4±9,7 kg, % de gordura 13,7±4,3 %) divididos em dois grupos: 1) potência
aeróbia moderada (n= 9; VO2max = 53,62±2,51 ml.kg.min-1;
PV = 17,13±1,28 km.h-1) e 2)
potência aeróbia alta (n= 9; VO2max = 61,41±2,43 ml.kg.min-1;
PV = 18,33±1,07 km.h-1). Todos os indivíduos realizaram um teste
incremental de rampa para determinar o primeiro e o segundo limiar ventilatório
(LV1 e LV2), 50 % da diferença entre o LV1 e o
consumo máximo de oxigênio (VO2max) (Δ50), o VO2max e o pico de velocidade
(PV). O teste de rampa em esteira (IMBRAMED) iniciou na velocidade de 6,0 km.h-1
com incrementos de 0,5 km.h-1 cada 30 s até exaustão voluntária. Os
dados coletados respiração a respiração (COSMED, Quark) foram colocados em
médias de 15 s. Avaliou-se o comportamento do volume de gás carbônico produzido
(VCO2) plotado versus o oxigênio consumido (VO2) (método V-slope) para identificar o LV1
e, os equivalentes ventilatórios de VO2 (VE/VO2) e do CO2
(VE/VCO2) plotados versus o tempo para encontrar o LV2.
A
maior média de 15 s foi considerada o VO2max. O PV foi
considerado a maior velocidade atingida durante o teste. A velocidade do Δ50, identificado conforme descrito
previamente, foi encontrada por meio de uma regressão linear substituindo o y
da equação pelo VO2 estimado para assim obter o valor de x da
velocidade.
As análises estatísticas foram realizadas no
programa SPSS versão 17.0. Os dados são apresentados em média ± desvio padrão
(DP). Foi utilizado o teste Shapiro Wilk para verificar a normalidade dos dados
(n < 50) e o teste t de Student para amostras pareadas para verificar as
possíveis diferenças entre as variáveis. Adotou-se um nível de significância de
5 %.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 estão apresentados os
valores médios para a velocidade e VO2 correspondente ao LV2
e Δ50 acompanhado dos seus
percentuais relativos ao PV e VO2max, respectivamente.
Pode-se
observar que no grupo 1 os valores absolutos e percentuais da velocidade e VO2
associados ao Δ50 foram significativamente inferiores aos valores encontrados
para o LV2. Por outro lado, para o grupo 2 não foram visualizadas
nenhuma diferença entre os valores associados ao Δ50 e LV2 para
qualquer variável de análise.
Em comparação com o estudo de Lansley et al. (2011)
nossa investigação demonstrou que o Δ50 pode ser utilizado como limite superior do domínio
pesado em indivíduos com valores mais altos de potência aeróbia considerando o LV2 como indicador desse fenômeno (Dekerle et al.,
2003).
Porém, a utilização desse método parece dependente da aptidão aeróbia e ao
contrário do que tem sido proposto por parte da literatura (Dekerle et al., 2003; Lansley et al., 2011) o Δ50 não representa o LV2
e não parece ser apropriado para identificação do LTF2 em
acordo com estudo de Carter et al. (2002) que demonstrou que na corrida como
modo de exercício o Δ40 seria o melhor indicador da VC e assim do LTF2.
CONCLUSÕES
Conclui-se que método
do Δ50 parece ser dependente da potência
aeróbia máxima e que para os indivíduos com maiores valores desta (≈ 60 ml.kg.min-1)
pode
ser utilizado para estimar o LV2, entretanto, não seria indicado para
predição do LTF2 em sujeitos com menores valores de potência
aeróbia.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos aos atletas,
aos membros do LAEF pelo auxílio e a CAPES pelo apoio financeiro.
Fiquem com Deus e até a próxima!
REFERÊNCIAS
Carter
H et al. Eur J Appl Physiol, 86(4):347-354, 2002.
Dekerle
J et al. Eur J Appl Physiol, 89(3-4):281-288, 2003.
Greco
CC et al. Appl Physiol Nutr Metab, 37(4):736-743, 2012.
Lansley KE et al. Int J Sports Med, 32(7):535-541, 2011.