terça-feira, 19 de março de 2013

Efeito do exercício prévio: exemplo prático


Nas últimas postagens estive abordando sobre as questões relacionadas à cinética do consumo de oxigênio e como o efeito do exercício prévio pode alterar este comportamento da cinética através das resenhas de artigos que tratam do assunto (dois ultimos posts). Nessa postagem quero compartilhar com vocês um exemplo prático desse efeito de um exercício realizado logo antes a execução de uma carga constante para determinar a cinética do VO2. Vale ressaltar que de acordo com a literatura o modo de exercício (ex. corrida ou ciclismo) interfere na cinética do VO2 e que a forma como é realizado o exercício prévio também tem diferentes conseqüências na cinética de uma carga posterior, sendo que o exercício moderado parece não ter efeito e que este efeito parece ser dependente da geração de uma acidose metabólica (veja as postagens anteriores para maiores detalhes).


No caso observado na figura em questão, um determinado sujeito fisicamente ativo e praticante de futebol recreacional de 29 anos realizou duas cargas constantes de corrida na esteira de 6 min cada no domínio pesado de esforço (50% da diferença entre o primeiro limiar de transição fisiológica e o VO2max) com 6 min de recuperação passiva entre elas. As bolinhas pretas são os valores de VO2 para primeira carga de 6 min. Os triângulos vermelhos representam os valores de VO2 durante a segunda carga. Observa-se claramente que durante a segunda carga (pós o exercício prévio) a amplitude da fase fundamental foi mais alta, ou seja, parece ter estabilizado mais rápido (menor déficit de O2), e a amplitude do componente lento foi menor (melhor eficiência metabólica).

Abraços e continuamos no próximo post!

segunda-feira, 4 de março de 2013

RESENHA DE ARTIGO: ‘Priming’ exercise and O2 uptake kinetics during treadmill running. Jones et al. 2008.


Comumente os estudos realizam duas series de 6 min de exercício separadas por 6 min de recuperação. Tem sido demonstrado que na segunda transição desses modelos de exercício a cinética de VO2 é significativamente diferente da primeira, com a resposta da cinética ‘como um todo’ sendo mais rápida (ex: mensurada através do tempo médio de resposta - MRT) devido predominante numa redução na amplitude do componente lento do VO2. As principais causas de alterações na cinética de VO2 após o exercício prévio ainda permanece para ser resolvida, mas pode envolver melhoras no fornecimento de O2, e/ou um parcial ‘alivio’ da inércia metabólica oxidativa do músculo, e/ou alterações no perfil de recrutamento das unidades motoras. Uma melhora na contribuição oxidativa da dos processos de fornecimento de energia através da transição ao exercício tem um importante ponto pratico: uma cinética de VO2 ‘total’ mais rápida depois do exercício prévio pode reduzir a taxa na qual o músculo desenvolve fadiga por uma redução na magnitude no ‘deficit de O2’ muscular. É surpreendente que os estudos anteriores que investigaram exercício prévio focaram somente e exclusivamente nas respostas ao exercício em cicloergômetro.
É sabido que a cinética de VO2 em outros modos de exercício, inclusive corrida em esteira, pode ter diferentes características. Por exemplo, a constante tempo (t) da fase II do VO2 pulmonar tende a ser mais rápida e a amplitude do componente lento tende a ser menor na corrida comparada com o exercício cíclico (BILLAT et al., 1998; CARTER et al., 2000; JONES; McCONELL, 1999).
Dessa forma, o objetivo do estudo foi investigar a influência do exercício prévio na cinética do VO2 durante corrida na esteira. Foi hipotetizado que o exercício prévio poderia 1) não influenciar significativamente a constante tempo para fase II da resposta do VO2; 2) reduzir significantemente a amplitude do componente lento; 3) resultar em uma significante aceleração da cinética de VO2 ‘total’ (através do tempo de resposta médio).

Quem quiser o texto na integra do artigo mencionado deixe seu comentário! Abraços a Todos.


JONES, A. M.; DIMENNA, F.; LOTHIAN, F. TAYLOR, E.; GARLAND, S. W.; HAYES, P. R.; THOMPSON, K. G. “Priming” exercise and O2 uptake kinetics during treadmill running. Respiratory physiology & neurobiology, v. 161, n. 2, p. 182-8, 2008.