Por Naiandra Dittrich, formada em Educação Física pela UFSC, participante do grupo de pesquisa do laboratório de Esforço Físico - LAEF/UFSC.
O futsal caracteriza-se pela combinação de ações de elevadas intensidades, intercaladas com períodos de recuperação. Por isso, é uma modalidade de natureza equilibrada, pois depende tanto de variáveis relacionadas ao metabolismo aeróbio quanto anaeróbio. A identificação das exigências fisiológicas impostas aos jogadores durante as partidas de futsal são fundamentais para a elaboração da periodização de treinamento da equipe durante a temporada. Estes índices podem ser obtidos por meio de avaliações de laboratório ou de campo. Entretanto, uma avaliação laboratorial com metodologia invasiva é dispendiosa, tanto do ponto de vista financeiro quanto do ponto de vista do tempo necessário para avaliar um grande número de sujeitos, em virtude da dificuldade de avaliá-los simultaneamente. Dessa forma o objetivo deste estudo foi comparar os índices fisiológicos relativos à capacidade e a potência aeróbia obtidos em teste de laboratório em esteira com os obtidos no teste de campo TCAR. Participaram do estudo onze jogadores profissionais de futsal (25,2 ± 4,26 anos, 74,7 ± 8,75 kg, 176,7 ± 6,89 e 9,8 ± 3,40% de gordura). Os atletas realizaram um teste incremental em esteira rolante (TIE) e um intermitente de campo (TCAR). O TIE iniciou em 9,0 km.h-1 (1% de inclinação) com incremento de 1,2 km.h-1 a cada 3 minutos (30s de pausa). Nesse teste foi identificado o segundo limiar de transição fisiológica (LTF2) por quatro diferentes métodos: 1) concentração fixa de 3,5 mmol.l-1 (vOBLA), 2) Dmáx na curva de lactato sanguíneo (vCheng), 3) menor relação [la] e carga, adicionando-se 1,5mmol.l-1 (vBerg), 4) carga anterior ao segundo incremento na [la] consecutiva maior que 0,5 mmol.l-1 (vBaldari). O TCAR possui multi-estágios de 12s de corrida de ida e volta com pausas de 6s, velocidade inicial de 9,0 km.h-1 (incrementos de 0,6 km.h-1 a cada 90 segundos) e ritmo determinado por sinais sonoros. Nesse teste foi determinado o PV e o LTF2 foi predito por três diferentes métodos: 1) inspeção visual da FC (PDFCv), 2) distância máxima da curva de FC (Dmáx), 3) percentual fixo de 80,4% do PV (v80,4). Foi empregada a análise descritiva (média, desvio-padrão e coeficiente de variação) para apresentação dos resultados e o teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade dos dados. Para comparar as variáveis fisiológicas relativas a capacidade e potência aeróbia através de diferentes métodos foi aplicada a análise de variância (ANOVA) para medidas repetidas, complementada pelo teste de Bonferroni. A correlação foi determinada por meio de Pearson para dados normais e spearman para não normais. A vVO2max (16 ± 1,0 km.h-1) obtida no TIE não apresentou diferença significativa com o PVtc (16,1 ± 1,0 km.h-1), já o PVtc e o PVtie (17,0 ± 1,0 km.h-1) apresentaram diferenças significativa e foi encontrada uma forte correlação entre eles (r=0,830). Os valores de FCmax atingidos no TIE (186bpm) e no TCAR (188bpm) não foram significativamente diferentes e apresentaram elevados valores de correlação (r=0,84). Entre os diferentes métodos relativos a capacidade aeróbia não foram encontradas diferenças significativas (vOBLA= 13,7 ± 0,8, vCheng= 13,4 ± 0,9, vBerg= 13,4 ± 0,8, vBaldari= 13,0 ± 1,1, PDFCv= 13,4 ±0,7, Dmáx= 13,3 ± 1,1, v80,4= 12,9 ± 0,8). Esses resultados apontam o TCAR como um teste de campo válido que possui características intermitentes, necessita menor custo financeiro e ainda possibilita avaliações simultâneas para identificar importantes índices fisiológicos referentes a potência e capacidade aeróbia, intensidades que são fundamentais para controle e prescrição de sessões de treinamentos.
Palavras chave: potência aeróbia, capacidade aeróbia, futsal.
Palavras chave: potência aeróbia, capacidade aeróbia, futsal.
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