terça-feira, 22 de setembro de 2009

ANÁLISE DAS RESPOSTAS FISIOLÓGICAS DE ATLETAS PROFISSIONAIS DE FUTSAL DURANTE OS COLETIVOS: UM ESTUDO DE CASO

Por Francimara Budal Arins, Mestranda em Educação Física, CDS - UFSC.
O futsal, esporte amplamente difundido no Brasil e praticado em mais de 100 países, já satisfaz às exigências do Comitê Olímpico Internacional para ser reconhecido como esporte olímpico. Embora tenha alcançado status mundial, existem poucos estudos disponíveis sobre as variáveis fisiológicas na literatura científica. Assim, este estudo teve como objetivo caracterizar as respostas fisiológicas de atletas profissionais de futsal durante o treinamento coletivo, de acordo com a posição tática desempenhada (goleiro, fixo, alas e pivô). A amostra da pesquisa foi composta pelos cinco jogadores titulares da equipe de futsal masculino da categoria adulto da Associação Desportiva Colegial (ADC) de Florianópolis. Os atletas foram avaliados por um teste ergoespirométrico, que forneceu valores de consumo de oxigênio, freqüência cardíaca e quociente respiratório. Esses valores foram utilizados para gerar equações de regressão a fim de estimar o gasto calórico dos coletivos e também inferir a intensidade de trabalho. Durante os coletivos, os atletas tiveram sua freqüência cardíaca mensurada por meio de um monitor modelo Polar S610i®. Os resultados obtidos mostraram que, em relação ao comportamento da freqüência cardíaca, as curvas dos quatro atletas de linha (fixo, alas e pivô) apresentaram semelhança. Somente o goleiro apresentou valores inferiores, devido a menor movimentação, o que é inerente a sua posição tática. Quanto à intensidade de esforço, expressa tanto em relação ao percentual da freqüência cardíaca máxima ou segundo as cinco zonas de intensidade de exercício apresentada em Foss et al (2001), o goleiro é o menos exigido (leve e moderado), enquanto que os alas e o fixo têm seu desempenho em níveis mais intensos (árduo e exaustivo). Os valores totais de gasto calórico mostraram semelhança entre os alas e fixo (aproximadamente 305 kcal), enquanto que o pivô, dentre os jogadores de linha, apresentou os valores menores (aproximadamente 205 kcal). Conforme o esperado, os valores de gasto calórico encontrados para o goleiro (aproximadamente 85 kcal) foram inferiores aos demais jogadores. Esses dados fornecem informações importantes sobre as cargas de trabalho que os atletas de futsal são submetidos no treinamento, auxiliando no planejamento e controle da estruturação de um programa individualizado que se adeque às posições táticas.

Palavras-chave: Futsal, intensidade de trabalho, gasto calórico

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

COMPARAÇÃO DE ÍNDICES FISIOLÓGICOS OBTIDOS POR DIFERENTES MÉTODOS DURANTE TESTES DE CAMPO E LABORATÓRIO EM JOGADORES PROFISSIONAIS DE FUTSAL

Por Naiandra Dittrich, formada em Educação Física pela UFSC, participante do grupo de pesquisa do laboratório de Esforço Físico - LAEF/UFSC.
O futsal caracteriza-se pela combinação de ações de elevadas intensidades, intercaladas com períodos de recuperação. Por isso, é uma modalidade de natureza equilibrada, pois depende tanto de variáveis relacionadas ao metabolismo aeróbio quanto anaeróbio. A identificação das exigências fisiológicas impostas aos jogadores durante as partidas de futsal são fundamentais para a elaboração da periodização de treinamento da equipe durante a temporada. Estes índices podem ser obtidos por meio de avaliações de laboratório ou de campo. Entretanto, uma avaliação laboratorial com metodologia invasiva é dispendiosa, tanto do ponto de vista financeiro quanto do ponto de vista do tempo necessário para avaliar um grande número de sujeitos, em virtude da dificuldade de avaliá-los simultaneamente. Dessa forma o objetivo deste estudo foi comparar os índices fisiológicos relativos à capacidade e a potência aeróbia obtidos em teste de laboratório em esteira com os obtidos no teste de campo TCAR. Participaram do estudo onze jogadores profissionais de futsal (25,2 ± 4,26 anos, 74,7 ± 8,75 kg, 176,7 ± 6,89 e 9,8 ± 3,40% de gordura). Os atletas realizaram um teste incremental em esteira rolante (TIE) e um intermitente de campo (TCAR). O TIE iniciou em 9,0 km.h-1 (1% de inclinação) com incremento de 1,2 km.h-1 a cada 3 minutos (30s de pausa). Nesse teste foi identificado o segundo limiar de transição fisiológica (LTF2) por quatro diferentes métodos: 1) concentração fixa de 3,5 mmol.l-1 (vOBLA), 2) Dmáx na curva de lactato sanguíneo (vCheng), 3) menor relação [la] e carga, adicionando-se 1,5mmol.l-1 (vBerg), 4) carga anterior ao segundo incremento na [la] consecutiva maior que 0,5 mmol.l-1 (vBaldari). O TCAR possui multi-estágios de 12s de corrida de ida e volta com pausas de 6s, velocidade inicial de 9,0 km.h-1 (incrementos de 0,6 km.h-1 a cada 90 segundos) e ritmo determinado por sinais sonoros. Nesse teste foi determinado o PV e o LTF2 foi predito por três diferentes métodos: 1) inspeção visual da FC (PDFCv), 2) distância máxima da curva de FC (Dmáx), 3) percentual fixo de 80,4% do PV (v80,4). Foi empregada a análise descritiva (média, desvio-padrão e coeficiente de variação) para apresentação dos resultados e o teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade dos dados. Para comparar as variáveis fisiológicas relativas a capacidade e potência aeróbia através de diferentes métodos foi aplicada a análise de variância (ANOVA) para medidas repetidas, complementada pelo teste de Bonferroni. A correlação foi determinada por meio de Pearson para dados normais e spearman para não normais. A vVO2max (16 ± 1,0 km.h-1) obtida no TIE não apresentou diferença significativa com o PVtc (16,1 ± 1,0 km.h-1), já o PVtc e o PVtie (17,0 ± 1,0 km.h-1) apresentaram diferenças significativa e foi encontrada uma forte correlação entre eles (r=0,830). Os valores de FCmax atingidos no TIE (186bpm) e no TCAR (188bpm) não foram significativamente diferentes e apresentaram elevados valores de correlação (r=0,84). Entre os diferentes métodos relativos a capacidade aeróbia não foram encontradas diferenças significativas (vOBLA= 13,7 ± 0,8, vCheng= 13,4 ± 0,9, vBerg= 13,4 ± 0,8, vBaldari= 13,0 ± 1,1, PDFCv= 13,4 ±0,7, Dmáx= 13,3 ± 1,1, v80,4= 12,9 ± 0,8). Esses resultados apontam o TCAR como um teste de campo válido que possui características intermitentes, necessita menor custo financeiro e ainda possibilita avaliações simultâneas para identificar importantes índices fisiológicos referentes a potência e capacidade aeróbia, intensidades que são fundamentais para controle e prescrição de sessões de treinamentos.

Palavras chave: potência aeróbia, capacidade aeróbia, futsal.