Para dar continuação a postagem anterior sobre o artigo que foi publicado demonstrando o efeito do treinamento de RSA no futsal resolvi trazer nessa postagem uma introdução teórica sobre o assunto.
Quem tiver interesse em discutir ou ler material que aprofunde sobre a temática deixe seu comentário!
O futsal se distingue por uma sucessão de
movimentos de máxima velocidade em espaços reduzidos (5 a 10 m) o que faz com
que as ações de jogo tenham que ser executadas da forma rápida, para que as
estratégias estabelecidas pelas equipes se convertam em elementos fundamentais
do rendimento global da equipe (MEDINA et al., 2002).
Segundo Bompa (2002), o treinamento físico no
futsal deve ser baseado na realização de exercícios físicos específicos da
modalidade, visto que os mesmos resultarão em modificações anatômicas e
fisiológicas que se relacionam as necessidades da mesma.
Estudos recentes verificaram que o
treinamento de sprints de curta
duração (5 a
30 s), além de produzir melhoras na habilidade de repetir séries de exercício
em intensidades relativas ao sistema anaeróbio, proporciona o desenvolvimento
do metabolismo aeróbio (DAWSON et al., 1998; MACDOUGALL et al., 1998; ORTENBLAD
et al., 2000; BURGOMASTER et al., 2005).
Diversas pesquisas que analisaram a aplicação do treinamento na RSA com
alto volume de sprints, observaram
que houve o aprimoramento tanto da capacidade quanto da potência aeróbia
(LINOSSIER et al. 1997; DAWSON et al., 1998; MACDOUGALL et al., 1998; RODAS et
al., 2000).
Segundo Ortiz et al. (2003), a inclusão de
uma a duas sessões de treinamento intervalado de alta intensidade durante
períodos de quatro semanas são eficientes para melhora de índices fisiológicos
relativos à performance aeróbia (VO2max,
vVO2max e EC). Corroborando estes achados, Impellizzeri et al.
(2006) demonstraram que, após o mesmo período de treinamento intervalado de
corrida realizado antes do início da temporada competitiva com jogadores de
futebol, os valores de VO2max e OBLA aumentaram em 7 %. Helgerud et
al. (2001), também observaram que a utilização de um treinamento intervalado de
alta intensidade (90 a 95% da FCmax) duas vezes na semana proporcionou melhoras
na capacidade aeróbia de atletas de futebol no final de 16 sessões.
Bravo
et al. (2008) ao realizarem um treinamento de RSA (3 séries de seis sprints de 40 m com 20 s de recuperação
entre eles e 4 min entre as séries) em jogadores de futebol, verificaram que
após sete semanas houve melhora na capacidade e potência aeróbia, na
resistência específica do futebol mensurada no teste Yo-Yo Intermittent Recovery Test (KRUSTRUP et al., 2003) e na
habilidade de realizar sprints repetidos
no teste RSA.
O baixo volume de treinamento requerido na
RSA, proposto por Bravo et al. (2008), providencia uma estratégia de tempo
eficiente para induzir adaptações aeróbias, visto que o desenvolvimento na
resistência específica do futebol, possivelmente, foram provocadas pelas
melhoras específicas na habilidade de mudança de sentido dos atletas (YOUNG;
MCDOWELL; SCARLETT, 2001; LAKOMY; HAYDON, 2004). Além disso, Lakomy e Haydon
(2004) sugerem que na RSA a contração muscular requerida para aceleração e
desaceleração da massa corporal pode ser benéfica para melhoras na potência
muscular e para habilidade de mudança de sentido.
De acordo com Bompa (2002) as intensidades,
os volumes e o tempo de recuperação propostos na RSA estão de acordo com a
metodologia para a prescrição do treinamento da capacidade anaeróbia. Weineck
(1994) afirma que é possível realizar uma importante quantidade de trabalho com
cargas intensas, obtendo um impacto relativamente baixo sobre o sistema
cardiorrespiratório, através da introdução de breves períodos de exercício e
repouso adequadamente distribuídos. Dessa forma, o treinamento na RSA parece
ser uma estratégia eficiente para desenvolver os índices fisiológicos específicos
do futsal.
Fiquem com Deus e até a próxima!