domingo, 27 de julho de 2014

Respostas fisiológicas do organismo no início do exercício de corrida

   Gostaria de compartilhar com vocês nessa postagem algumas respostas sistêmicas do sistema cardiovascular e respiratório no início do exercício de corrida. Na verdade vou buscar mostrar de uma maneira básica e introdutória alguns conceitos sobre o estudo da cinética (Estudo da velocidade e o mecanismo das reações fisiológicas e os fatores que atuam sobre elas; a análise do comportamento das curvas), ou melhor dizendo do comportamento do organismo em determinado estímulo. Vale lembrar que o comportamento do consumo de oxigênio (VO2) durante atividades físicas de diferentes magnitudes difere conforme há um aumento na intensidade de exercício (XU; RHODES, 1999) e pode apresentar uma relação curvilínea quando realizado de forma incremental, ou exponencial se obtido em velocidades constantes (DENADAI; CAPUTO, 2003). A cinética do VO2, portanto, pode ser considerada o estudo dos mecanismos fisiológicos responsáveis pela dinâmica das respostas do VO2 ao exercício e sua subsequente recuperação (JONES; POOLE, 2005).
Vamos tratar da resposta do VO2 e os ajustes cardiovascular da frequência cardíaca (FC) e respiratório da ventilação pulmonar (VE). Além disso, abordar sobre o comportamento do pulso de O2 (O2pulse) que representa o comportamento do fluxo sanguíneo e pode-se a partir desta variável fazer inferências sobre o volume sistólico, calculado pela razão entre VO2/FC (a divisão do consumo de O2 ­pelo numero de batimentos cardíacos). Observemos a figura 1 que demonstra o comportamento de todas estas variáveis nos seis primeiros minutos do exercício.


Esta figura demonstra o comportamento do VO2 em relação a FC, VE e O2pulse para um sujeito representativo. A intensidade de corrida na esteira foi no D50, ou seja, 50% da diferença entre o primeiro limiar (ventilatório) e o consumo máximo de oxigênio (VO2max), por volta de 85% do VO2max. Podemos situar esta intensidade no domínio pesado de esforço próxima ao limite superior deste. No eixo y está o percentual obtido para cada variável em relação aos seus valores máximos (obtidos em um teste incremental) que estão demonstrados no canto inferior direito da figura. No eixo x está o tempo de exercício. 
Pode-se destacar que todas estas variáveis tem um comportamento exponencial e a partir de ajustes matemáticos monoexponenciais específicos podemos calcular o tempo de resposta médio (mean response time – MRT), valores que aparecem dentro da figura em segundos. Importante ressaltar que, multiplicando o MRT por 4,6 obtemos o tempo que leva para atingir (TA) a estabilização de cada curva. Dessa forma, para o VO2 foi de 216,2 s; para a FC de 274,2 s; para a VE de 311,8 s e; para o O2pulse de 102,6 s. Destaca-se ainda, a resposta rápida do O2pulse que logo alcança uma estabilização em seus valores máximos, ou seja, o fluxo sanguíneo direciona uma oferta de O2 totalmente disponível de maneira maximizada para o exercício em menos de dois minutos. O VO2 vai encontrar um estado estável em um pouco mais do que 3 minutos e meio para este indivíduo buscando suplementar a demanda de energia através da fosforilação oxidativa (sistema aeróbio de produção de energia). A FC demora um pouco mais, pois existe um chamado “drift” da FC por causa da carga imposta a musculatura cardíaca com o aumento do débito cardíaco. A VE demora ainda mais, pois o sistema respiratório é ativado aumentado a mesma para que consiga auxiliar no sistema de tamponamento, ou seja diminuir a acidose metabólica, conduzindo o CO2 produzido para fora do organismo.
Podemos observar nas figuras seguintes a comparação do comportamento da curva de  VOcom cada uma das outras variáveis em em seus valores medidos realmente, onde fica clara a resposta de uma oferta de O2 (O2pulse) mais rápida no início do exercício com a FC e a VE trabalhando como 'suporte' para a demanda imposta de forma mais lenta a buscar uma estabilização em relação ao VOe ao O2pulse.



Por hoje era isso pessoal, até a próxima e fiquem Deus. Abraços.
Referências
DENADAI, B. S.; CAPUTO, F. Efeitos do treinamento sobre a cinética de consumo de oxigênio durante o exercício realizado nos diferentes domínios de intensidade esforço. Motriz, v. 9, n. 1, (Supl.), p. S1 – S7, 2003.
JONES, A. M.; POOLE, D. C. Introduction to oxygen uptake kinetics and historical development of the discipline. In: Jones, A. M.; Poole, D. C. (org.). Oxygen uptake kinetics in sports, exercise and medicine. 1ª ed. Abingdon: Routledge, 2005.
XU, F.; RHODES, E. C. Oxygen uptake kinetics during exercise. Sports Medicine, v. 27, n. 5, p. 313-327, 1999.







quinta-feira, 3 de julho de 2014

Perfil antropométrico e performance aeróbia e anaeróbia em jovens jogadores de futebol

RESUMO: O objetivo do presente estudo foi comparar as características antropométricas e performance aeróbia e anaeróbia de adolescentes jogadores de futebol. Para tanto, participaram deste estudo 34 jogadores da categoria infantil (INF) (idade 14,44 ± 0,55 anos, massa corporal 60,94 ± 8,51 kg, estatura 173,16 ± 8,91 cm) e 30 jogadores da categoria juvenil (JUV) (idade: 15,94 ± 0,69 anos, massa corporal 70,0 ± 9,86 kg, estatura 177,58 ± 8,24 cm). Todos os adolescentes foram submetidos a medidas antropométricas, composição corporal e somatotipo, seguido pelos seguintes protocolos de campo: teste de Carminatti (T-CAR) para avaliação da potência aeróbia máxima a partir da determinação do pico de velocidade (PV), teste anaeróbio de sprints repetidos e teste de velocidade de 10 e 30 m. Para detectar possíveis diferenças entre as categorias competitivas foi utilizado o teste t de Student para amostras independentes adotando o nível de significância de 5%. Os jogadores JUV foram mais pesados, mais altos e apresentaram maiores perímetros musculares comparado aos jogadores INF, enquanto para o somatório das dobras cutâneas não foram visualizadas diferenças. Os desempenhos nos testes aeróbios e anaeróbios analisados foram significativamente superiores para a categoria juvenil em relação à infantil. Dessa forma, podemos concluir que a idade cronológica determina as diferenças nas características antropométricas e nos desempenhos físico de jovens jogadores no meio (categoria infantil) e final (categoria juvenil) da adolescência como provável resultado do processo de crescimento e maturação biológica.
Palavras-chave: Antropometria, composição corporal, desempenho esportivo.

Anthropometric profile and aerobic and anaerobic performance in young soccer players


ABSTRACT:The aim of this study was to compare anthropometric characteristics and aerobic and anaerobic performance of adolescent soccer players. For this, young soccer players classified as under 15 - U15 (n=34; age 14.44 ± 0.55 years, body mass 60,94 ± 8,51 kg, stature 173,16 ± 8,91 cm) and under 17 - U17 (n=30; age 15.94 ± 0.69 years, body mass 70,0 ± 9,86 kg, stature 177,58 ± 8,24 cm) participated in this study. All adolescents were submitted to performed anthropometric assessments, body composition and somatotype, accompanied by the following field tests protocols: Carminatti test (T-CAR) for the evaluation of maximal aerobic power from the determination of the peak velocity (PV), repeated sprints anaerobic test (40 m RSA) and the 10 m and 30 m speed test. To detect possible differences between competitive age groups (U-17 vs. U-15) was used t test for independent samples adopting significance level of 5%. Older players (U-17) were heavier, taller and had greater muscle circumferences compared to youngest players belonging U-15 age group, while for the sum of skinfolds were not visualized differences among them. Thus, we can conclude that chronological age determines differences in morphological characteristics and motor performances (aerobic and anaerobic indicators) of young soccer players in middle (U-15) and end (U-17) of adolescence period as probable outcome of biological growth and development.

Key words: anthropometry, body composition, athletic performance.


Se você quiser ter acesso ao conteúdo completo do artigo deixe seu comentário. Fiquem com Deus. Abraços