Gostaria de dar sequência a série de posts que vinha postando sobre o comportamento da cinética de VO2 e sobre o efeito do exercício prévio na mesma. Nas postagens anteriores abordei sobre como analisar o comportamento do consumo de oxigênio, sobre as variáveis envolvidas, resenhas de artigos que tratavam do assunto e na penúltima publicação demonstrei um exemplo prático para um sujeito demonstrativo de como uma carga prévia de exercício pesado pode afetar uma segunda carga na mesma intensidade. Neste caso específico observamos que a amplitude do componente fundamental foi mais alta e a amplitude do componente lento foi menor (veja maiores detalhes na postagem anterior). Vale ressaltar que a literatura mostra que a o exercício prévio geralmente não influencia a constante tempo (t) e nem sempre influencia a amplitude do componente lento. Além disso, em um estudo interessante Jones et al. (2008) demonstraram que não houve efeito de um exercício prévio realizado em esteira no domínio severo (70% da diferença entre o limiar aeróbio e o consumo máximo de oxigênio) sobre uma segunda carga nessa mesma intensidade.
A partir desta postagem e da próxima vou abordar sobre o efeito do exercício na forma de sprints repetidos (RSA) sobre a cinética de VO2. Primeiramente precisamos entender um pouco o comportamento do organismo durante a realização do RSA. Estas características vão depender do volume e da intensidade é claro, e geralmente os protocolos de RSA são realizados na maior velocidade possível, e as grandes diferenças ficam nas características da recuperação como por exemplo o numero de estímulos e a distância dos mesmos e o tipo de recuperação passivo ou ativo. Nos esportes coletivos, sprints e habilidade de realizar estes repetidamente (repeated-sprint ability - RSA) são um dos principais fatores de performance física. O desempenho em testes de RSA requer a maior velocidade durante o primeiro sprint e a manutenção desta nas repetições subsequentes (DUPONT et al., 2010). Podem ser definidos dois tipos de RSA, os exercícios de sprints intermitentes podem ser caracterizados por esforços de curta duração (≤ 10 s) intercalados por períodos de recuperação com tempo suficiente (60-300 s) para alcançar uma recuperação completa da performance de sprint. Em comparação os sprints repetidos também são caracterizados por esforços de curta duração (≤ 10 s), porém com períodos breves de recuperação (≤ 60 s). A maior diferença é que nos sprints intermitentes existe um pequeno ou nenhum percentual de drecéscimo nos sprints (Sdec), enquanto que nos sprints repetidos é possível identificar um alto Sdec (GIRARD; MENDEZ-VILLANUEVA; BISHOP, 2011).
No gráfico acima observa-se o comportamento da frequência cardíaca (FC) durante a realização de um protocolo de RSA intermitente de 6 x 40 m com mudanças de direção a cada 10 m e um minuto de recuperação entre os estímulos em dois dias diferentes para um sujeito representativo.
Nesse segundo gráfico podemos observar os valores de índice de fadiga na coluna da esquerda e linha vermelha e o comportamento da FC na coluna da direita e linha preta. Valores em percentuais do melhor sprint e da FC máxima, respectivamente, para o mesmo sujeito representativo do exemplo anterior.
CONTINUAREMOS NO PRÓXIMO POST! ABRAÇOS A TODOS E FIQUEM COM AS BENÇÃOS DE DEUS.
Nesse segundo gráfico podemos observar os valores de índice de fadiga na coluna da esquerda e linha vermelha e o comportamento da FC na coluna da direita e linha preta. Valores em percentuais do melhor sprint e da FC máxima, respectivamente, para o mesmo sujeito representativo do exemplo anterior.
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DUPONT, G.; MCCALL, A.; PRIEUR, F.; MILLET, G. P.;
BERTHOIN, S. Faster oxygen uptake kinetics during recovery is related to better
repeated sprinting ability. European
Journal Applied Physiology, v. 110, n. 3, p. 627–634, 2010.
GIRARD, O.; MENDEZ-VILLANUEVA, A.; BISHOP,
D. Repeated-sprint ability – part 1: factors contributing to fatigue. Sports Medicine, v. 41, n. 8, p. 673
-694, 2011.
JONES, A. M.; DIMENNA, F.; LOTHIAN, F.; TAYLOR, E. G.;
GARLAND, S. W.; HAYES, P. R.; THOMPSON, K. G. “Priming” exercise and O2 uptake
kinetics during treadmill running. Respiratory Physiology & Neurobiology,
v. 161, n. 2, p. 182-8, 2008.